As audiências de Nós Por Cá em 2008-2009 foram uma decepção – e a SIC decidiu repensar o formato. Fez bem: Nós Por Cá foi sempre uma boa ideia e, portanto, merecia uma segunda oportunidade. Mas nem por isso o programa melhorou. Porque, para além de encurtar o tempo de emissão, reforçar a equipa e reformular cenários, genéricos e infografias, a SIC mexeu indelevelmente no seu conteúdo. Para pior.
No novo Nós Por Cá, é a actualidade que manda. Ora, se antes a equipa encontrava uma boa história e a desenvolvia, agora confere primeiro a actualidade e tenta depois encontrar uma boa história à medida dela. Naturalmente, fracassa quase sempre. Primeiro, porque é precisamente isso que todos os programas e estações e jornais e rádios e sites de informação procuram todos os dias, acertando apenas de vez em quando. Depois porque, mesmo encontrando essa história, Nós Por Cá acaba por não ter tempo de desenvolvê-la com a verve com que o faria antigamente.
Como está, Nós Por Cá é apenas uma espécie de pré-Jornal da Noite. Se o Jornal da Noite vai falar do regresso às aulas, da gripe A, do TGV e do caso Portucale, pois é do regresso às aulas, da gripe A, do TGV e do caso Portucale que Nós Por Cá fala também, deixando apenas uns quantos minutos para fait divers e para uma crónica de Luís Costa Ribas. E, portanto, ou triunfa muito rapidamente nas audiências, ou deixa de fazer sentido na grelha.
CRÍTICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 18 de Setembro de 2009