Domingo, 27 de Junho de 2010
publicado por JN em 27/6/10



É um caso único em Portugal – e seguramente raro no mundo. Uma freguesia açoriana com pouco mais de 1500 pessoas dispõe de 15 golfistas one-digit handicap, à razão de um por cada cem habitantes. Isto sem contar os que emigraram ou, tendo permanecido na ilha, jogam apenas uma vez ao ano, no torneio especial em honra de Nossa Senhora de Guadalupe. São quase todos antigos caddies – e vários deles acabam de conquistar para o Clube de Golfe da Ilha Terceira o título de campeão nacional Interclubes Mid-Amateur


 


José Carlos Azevedo é campeão nacional. Agnelo Ourique também. José Carlos Fagundes não é, mas foi vice-campeão em 2009. José Adriano Godinho idem. Já Jorge Soares é ambas as coisas: ganhou este ano e ficou em segundo em 2009. E Pedro Fagundes, não sendo uma coisa nem outra, foi suplente na equipa deste ano. São apenas alguns dos golfistas da Agualva, de resto a maior parte deles antigos caddies. Ao todo, e para uma população global de pouco mais de 1500 habitantes, a pequena freguesia da ilha Terceira dispõe de 15 jogadores one-digit handicap, o que dá um ratio de um golfista de excelência por cada cem habitantes. “E isto é sem falar nos que emigraram para a América e para o Canadá”, diz Agnelo Ourique, 51 anos, bombeiro, handicap 4,7 e um dos elementos da equipa que conseguiu para o CG da Ilha Terceira, no início deste mês, o título de Campeã Nacional Interclubes Mid-Amateur, disputado na própria ilha. “Se fôssemos contar com todos os que emigraram, provavelmente havia o dobro de one-digit. E, aliás, o dobro dos jogadores.”


Para já, e dos 171 golfistas oficiais da ilha Terceira, 42 são da Agualva, o que representa cerca de 25% do total dos handicaps geridos pelo clube (a população da freguesia não chega aos 3% do total da ilha). E a explicação, em primeiro lugar, é a mais simples: a proximidade geográfica. “O campo não é propriamente ao pé do centro da freguesia, mas parte dele está em terrenos da Agualva. E isso tem influência”, diz Délio Soares, 34 anos, encarregado de construção civil e handicap 5,1. Mas o facto é que, se a geografia explica o facto de muitos deles se terem tornado caddies, a forma como a maior parte se tornou golfista – e depois golfista de qualidade – passa por uma série de factores, incluindo gestos de especial generosidade da parte de civis e um importante envolvimento de uma série de militares (muitos dos quais de nacionalidade norte-americana) em serviço na Base Aérea das Lajes, a qual, de resto não só esteve por detrás da criação do campo como é, ainda hoje, co-proprietária do mesmo.


“Havia lá um alto funcionário, mr. Humpfrey (e que, se bem me lembro, até era civil), que tinha especial predilecção por nós, os caddies. E, então, ao pé da casa dos caddies, criou uma escola bilingue. Os que não sabiam falar inglês, aprenderam a fazê-lo; os que não se expressavam bem nem em português, nem em inglês, aprenderam as duas línguas”, conta José Carlos Azevedo, 55 anos, operador de rampa ao serviço da Sata e handicap 5,5. “Naquele tempo, parávamos todos de estudar logo a seguir à quarta classe, para ir trabalhar. E aquela escola foi muito importante para muitos de nós”, explica Pedro Fagundes, 59 anos, bombeiro e handicap 5,9. “Aliás, foi por causa dessa escola que, em muitos casos, fomos parar à Base. Falar inglês tinha muita importância na altura”, acrescenta José Adriano Godinho, 51 anos, antigo chefe de bar na Base e handicap 6,3. Dos 42 golfistas da Agualva (e especialmente dos 15 one-digit handicap), uma boa parte trabalha ou trabalhou para o contingente americano estacionado nos Açores. Entre os mais velhos, são quase todos.


O emprego na Base Aérea deu-lhes ao mesmo tempo dinheiro, estatuto e tempo livre. Anda hoje, por exemplo, um bombeiro da zona aérea trabalha 24 horas e descansa 48 – e as aposentações, em alguns casos, ocorrem logo na casa dos 40 anos. “Mas não é só isso. Nascemos quase todos em famílias modestas e, apesar de nunca ninguém ter ganho balúrdios, quem trabalhava na Base sempre se destacou um bocadinho entre a restante população das freguesias mais rurais, nomeadamente as do concelho da Praia da Vitória”, diz José Carlos Fagundes, 54 anos, igualmente antigo empregado de bar da Base e handicap 4,9. “Mesmo sendo o greenfee mensal deste clube relativamente baixo [€ 40 em 2010], devemos em parte à sorte ter podido começar a jogar golfe quando esta ainda era uma terra bastante pobre. Mas também é preciso dizer que não foram só facilidades. O facto é que demorámos ainda algum tempo a conquistar aqui o nosso espaço”, acrescenta.


Na verdade, a prática do golfe na Terceira nunca foi vedada a ninguém. Mas os preços eram altos, para muitos proibitivos – e, durante muitos anos, a maior parte dos caddies limitou-se a jogar uma vez por semana, no dia em que o clube lhes permitia praticar: primeiro à sexta-feira e depois à segunda. “Nos tempos em que era à sexta-feira, só podíamos jogar de manhã. Mas aproveitávamos tão bem o tempo que chegávamos a jogar 27 buracos até ao meio-dia. Era tudo completamente a correr, mas adorávamos”, recorda Agnelo Ourique. Depois veio o 25 de Abril – e o clube reagiu de imediato, abrindo-se à população em geral muito antes da maior parte dos seus congéneres nacionais. E, finalmente, veio o próprio amadurecimento dos caddies. “Eu, por exemplo, só comecei a jogar com regularidade em 1989. Podia tê-lo feito antes, mas então tinha outras prioridades. Casar, ter filhos, montar uma vida – isso também era importante. A vida não é só golfe”, acrescenta Ourique.


Alguns receberam os primeiros tacos da parte de militares americanos, a título de oferta. Outros compraram o seu primeiro set numa loja de artigos em segunda mão existente dentro do próprio perímetro da Base. Mais tarde, o principal fornecedor foi o célebre BX, supermercado onde, ao longo das décadas, tantos açorianos (e tantos continentais de visita à Terceira) compraram calças Levi’s e sapatilhas Nike a preços vantajosos. Já hoje, quem quer trocar de material fá-lo com recurso a familiares e amigos emigrados na América do Norte, via Internet ou mesmo na pro-shop do próprio clube, agora com gestão totalmente portuguesa,. “Já não há grandes vantagens em comprar as coisas na Base. Às vezes, aliás, nem sequer há vantagens nenhumas”, diz Délio Soares, que, na companhia do irmão, Jorge Soares (34 anos, condutor-manobrador da construção civil e handicap 4,8), integra a última geração de caddies da Terceira. “Mas também é preciso ver que nem todos andamos sempre a trocar de material. Em muitos casos, mantemo-nos fiéis aos nossos tacos antigos.”


É um dos aspectos pitorescos da história – e é um das principais atracções para tantos e tantos jogadores do continente que se vão cruzando com os antigos caddies terceirenses nos mais variados campeonatos e torneios de âmbito nacional. Agnelo Ourique, por exemplo, tem sempre de explicar porque é que joga umas velhas madeiras Ping a partir do tee (embora ao fim de pouco tempo os seus colegas de formação venham a constatar que, em muitos casos, sai mais comprido com elas do que os restantes jogadores com os seus drivers de 460 cc). O seu grip, de resto, também está longe de ser convencional: apesar de usar a pega interlock, aloja o polegar esquerdo por baixo da vareta, não por cima dela. E mais drástica ainda é a solução usada por Jorge Soares e José Luís Garcia (este um pedreiro da construção civil, com 42 anos e handicap 4,7): é a mão esquerda que fica abaixo da direita, e não o contrário. Chamam-lhe caddie grip – e é exactamente disso que se trata. “Ninguém me ensinou a jogar. Comecei a bater na bola como me dava mais jeito, e assim ficou. Se hoje fizer uma pega normal, bato nas oitenta e muitas, se calhar noventa pancadas. Com as mãos invertidas, raramente saio da casa das setenta”, conta Jorge. “E, então, toda a gente fica surpreendida. Há mesmo quem até quem dê um salto a desviar-se da parte de trás do tee, pensando que vou bater para trás.”


De todos, só José Carlos Fagundes ainda trabalha ocasionalmente como caddie – e apenas quando há jogadores do continente a visitar a Terceira, para torneios especiais. “Só nessa altura é que costuma haver pedidos. E eu vou. Dá-me jeito o dinheiro e, principalmente, gosto de fazê-lo. Os meus colegas têm vergonha, mas eu não”, explica. O trabalho vem quase sempre a revelar-se essencial: com roughs especialmente difíceis (sobretudo quando húmidos), greens bastante imprevisíveis e permanentes medições a fazer em resultado do vento ou da simples humidade, o campo de golfe da Ilha Terceira é quase sempre reconhecido como um “falso fácil” – e ainda recentemente a sua requalificação pelos técnicos da Federação Portuguesa de Golfe levou a um aumento tanto do course rate como do slope rate. “Acaba por sair toda a gente mais contente daqui quando usa um caddie. Sobretudo se for da Agualva”, brinca Fagundes.


Freguesia puramente rural, com uma economia historicamente à base da agricultura, da moagem e da madeira, a Agualva mantém-se, à semelhança da maior parte das povoações mais recônditas da ilha Terceira, fiel às suas tradições, continuando a brilhar nas folias carnavalescas e a engalanar-se para celebrar o Espírito Santo e a Nossa Senhora de Guadalupe (ou das Peras). Este ano, as celebrações dedicadas à padroeira, mais uma vez marcadas para meados de Agosto, serão especiais: em Dezembro passado, a freguesia foi assolada por um enorme temporal, incluindo uma enxurrada que provocou um morto e vários desalojados, como noticiou a televisão nacional ao longo de dias – e a população quer voltar a mostrar que não se deixa abater por catástrofes naturais. E será precisamente quando se celebrarem essas festas que, algures em meados de Agosto, o campo de golfe terceirense receberá mais um torneio especialmente dedicado aos golfistas da freguesia.


Participam todos, os que ainda jogam e os que já deixaram de jogar regularmente – e, vários são aqueles que, não jogando nenhuma outra vez ao longo do ano, partem para os fairways sem aquecimento nem nada e vêm a sair de lá com pouco mais de 80 pancadas. Entre eles estarão agora vários jovens, incluindo Paulo Nunes (14 anos, handicap 4,4) ou Evandro Pires (13 anos, handicap 12,0), filhos da freguesia que começam a aparecer com cada vez mais insistência nos campeonatos nacionais. “São excelentes jogadores de uma excelente freguesia”, diz, sorrindo, José Silva, 46 anos, pedreiro e handicap 8,8. Quem poderá desmenti-lo?


REPORTAGEM. J (O Jogo), 27 de Junho de 2010

Domingo, 11 de Abril de 2010
publicado por JN em 11/4/10



Fomos ao Celtic Manor Resort com Ricardo, guarda-redes do Bétis de Sevilha, para jogar o mesmo campo onde, em Outubro, Tiger Woods, Pádraig Harrintgon e os outros monstros sagrados todos disputarão a Ryder Cup 2010. O campo revelou-se areia de mais para ambas as camionetas, ninguém acertou na bola e a igualdade final quase parecia combinada. Ainda se falou num desempate a penáltis. Mas quem é o maluco que se mete num desempate a penáltis com Ricardo?



O convite partiu do próprio comité de organização da Ryder Cup 2010. Ricardo aceitara a proposta para servir de rosto à promoção da prova em Portugal e nós estávamos convidados a viajar até ao País de Gales para experimentar, ao lado do guarda-redes do Bétis de Sevilha, o Twenty Ten Course do Celtic Manor Resort, campo onde, entre 1 e 3 de Outubro, Tiger Woods e Pádraig Harrington, Phil Mickelson e Sergio García, Steve Stricker e Ian Poulter, Kenny Perry e Paul Casey e outros 16 dos melhores jogadores mundiais disputarão a 38ª edição da mais importante prova golfística do mundo, com audiências televisivas apenas suplantadas pelas dos Jogos Olímpicos e do Campeonato do Mundo de futebol.


Não hesitámos – e fizemo-nos ao caminho. Problema: os quase sete quilómetros de traçado, mais os seus ventos cruzados e os seus muitos lagos, partiram-nos o coração. Connosco jogaram Paul Williams, director de marketing do Celtic Manor Resort, e Rui Coelho, representante da Nike em Portugal – e ambos conseguiram sair dali de cabeça erguida. Nós não. Com handicaps parecidos (7,8 e 8,2), fizemos um jogo parecido também: poucos greens in regulation, menos up-and-downs ainda e, pelo contrário, muitos fluffs, muitas bolas perdidas em lagos e um monte de greens a três putts. O empate foi quase como que uma solução de compromisso – e, no fim, foi preciso agendar para a manhã imediatamente a seguir um jogo no contíguo Roman Road Course, em jeito de tira-gosto.


O relato é na primeira pessoa. As fotos são do José Carlos Pratas, que também entra na história. Oxalá ninguém leia isto.



 



Buraco 1


Par: 4


Distância: 425 metros


 



O buraco é comprido – e, na ânsia de colocar-se em posição para poder atingir o green in regulations, Ricardo sai à direita, para o rough. Eu fico no meio do fairway, mas à segunda passo o green. Resultado: um chip e dois putts para cada um – dois bogies, portanto. Calma, calma, ainda estamos a aquecer…



 


Resultado: ALL SQUARE


 



Buraco 2


Par: 5


Distância: 557 metros


 



Ricardo sai mal, com um drive muito curto e à esquerda. Eu pareço sair bem, mas atinjo um bunker de farway, com um enorme lábio de permeio. Ele ainda consegue atingir o green em quatro, eu só lá chego em cinco. Vale-me que ele faz três putts. Dois duplos-bogies, pois. Por esta altura já devíamos estar aquecidos, não?


 


Resultado: ALL SQUARE


 



Buraco 3


Par: 3


Distância: 172 metros


 



Falhamos ambos o green e estamos ainda ambos na fringe ao fim de duas pancadas. Ele faz mais um chip e dois putts, eu salvo um bogie com up-and-down. 1Up para mim, certo. Mas – meu Deus – como isto está alinhado por baixo… Propusessem-nos um 80 para cada um e já as aceitávamos de caras.


 


Resultado: “O JOGO” 1UP


 



Buraco 4


Par: 4


Distância: 421 metros


 



Falhamos ambos o fairway, chegamos ambos em três ao green e fazemos ambos três esforçados putts, saindo ambos de lá com um vergonhoso duplo-bogey. A depressão instala-se – e o facto de os greens serem duros, rápidos, cheios de slope e dificílimos de ler não serve de desculpa. Vamos começar de novo, Ricardo?


 


Resultado: “O JOGO” 1UP


 



Buraco 5


Par: 4


Distância: 417 metros


 



Eu começo com um pull, faço um layup, um pitch shot e dois putts. Ele sai bem, mas falha o green à segunda e não consegue o up-and-down. É o stroke 1, tudo bem. Mas, ao nosso lado, o Rui Coelho faz birdie. A coisa começa a assumir contornos de humilhação. Se calhar, dois 85 já vinham bem a calhar…


 


Resultado: “O JOGO” 1UP


 



Buraco 6


Par: 4


Distância: 413 metros


 



Ricardo mete duas na água e eu estou no meio do fairway. Mas atiro-me para o birdie e meto a segunda na água também, enquanto ele ainda falha o green com a sexta. Ganho-lhe um buraco com triplo bogey. Começamos a discutir a hipótese de este texto não ser muito pormenorizado. José Carlos, isto se calhar vai ser mais fotos do que outra coisa…


 


Resultado: “O JOGO” 2UP


 



Buraco 7


Par: 3


Distância: 194 metros


 



Ele falha o green à direita, faz um fluff e salva o bogey com up-and-down. Eu atinjo o green in regulations, mas faço três putts. Mais um empate. Sete buracos vezes dois jogadores é igual a catorze buracos e um só green in regulations. Este sacaninha deste campo está a tentar chatear-nos. Mas ele já vai ver o que é bom para a tosse…


 


Resultado: “O JOGO” 2UP


 



Buraco 8


Par: 4


Distância: 401 metros


 



Falhamos ambos o fairway, falhamos ambos o green e falhamos ambos o scramble. Mais um bogey para cada. Com distâncias assim, arriscamos sempre de mais e pomo-nos sempre em posição de desvantagem. O que isto precisa é de uma nova abordagem. Voltássemos cá amanhã e outro galo cantaria. Até o diabo se ria às gargalhadas…


 


Resultado: “O JOGO” 2UP


 



Buraco 9


Par: 5


Distância: 608 metros


 



Nova abordagem – e, enfim, o jogo começa a aparecer. O buraco 5 é longuíssimo, mas Ricardo joga-o todo bem, faz green in regulations, dois putts e par. Eu estou a 130 metros em duas, mas passo o green, apanho um mau lie e não consigo chippar para perto da bandeira. Nenhum problema: já foi golfe. Que grande back nine isto vai ser…


 


Resultado: “O JOGO” 1UP


 



Buraco 10


Par: 3


Distância: 192 metros


 



Ricardo dá o seu melhor shot do dia e falha o hole-in-one por escassos dez centímetros, deixando-nos com a respiração suspensa até que a bola se imobilize ao lado da bandeira, para um easy birdie. A mim não me resta outra coisa senão fazer o humilde bogey da ordem, anotar os resultados e passar à frente. O momentum é dele.


 


Resultado: ALL SQUARE


 



Buraco 11


Par: 5


Distância: 513 metros


 



A vista a partir do tee é deslumbrante, com sete buracos espraiando-se à nossa frente. E, aparentemente, começa mesmo a jogar-se golfe no Twenty Ten Course. Ricardo sai à direita, mas corrige bem e chega ao green em três. Eu estou bem à segunda, ponho a bola no bunker à terceira, mas consigo o up-and-down. Dois pars. Ah, jogadores!


 


Resultado: ALL SQUARE


 



Buraco 12


Par: 4


Distância: 418 metros


 



Dois lagos e eu não metia lá nenhuma bola? Claro que meto: um belíssimo hook que me deixa em apuros logo à saída. Ele faz um bogey normal, ficando curto à segunda, fazendo chip e dois putts. Eu faço mais um duplo. É oficial: Ricardo está pela primeira vez a ganhar. E o problema é que ainda há uma série de lagos pela frente…


 


Resultado: RICARDO 1UP


 



Buraco 13


Par: 3


Distância: 172 metros


 



Haveria muito a dizer sobe este buraco, se não se desse a circunstância de as palavras não chegarem para exprimir a raiva. Permitam-me que não fale no score, a não ser para dizer que Ricardo me ganha por uma. O resto são os suspiros da ordem: “Mas qu’é isto, Jesus Cristo?!”, “O que é que se passa, meu Deus?!” No fim, é sempre Nosso Senhor quem nos vale…


 


Resultado: RICARDO 2UP


 



Buraco 14


Par: 4


Distância: 377 metros


 


Por esta altura já não tenho nada a perder: o mínimo que O Jogo pode fazer é despedir-me. De forma que, enquanto Ricardo bate um shot conservador à esquerda, acabando por cair no segundo lado, eu tento vencer o primeiro, faço par e lhe ganho o buraco. Epa, Ricardo, afinal este campo é para meninos…



 


Resultado: RICARDO 1UP


 



Buraco 15


Par: 4


Distância: 344 metros


 



É o buraco assinatura do campo: um par 4 longuíssimo se jogado pelo fairway, mas com boa possibilidade de eagle se jogado por cima das árvores. Arriscamos os dois, ficando ambos a 20 metros do green – mas depois fazemos ambos pitch shot e três putts. É o green mais difícil do campo. Muitos corações se vão quebrar aqui em Outubro…


 


Resultado: RICARDO 1UP


 



Buraco 16


Par: 4


Distância: 464 metros


 



Par quatro longuíssimo, com vento contrário em versão rajada – isto joga-se para bogey e pronto. Eu bato dois bons shots, mas escolho mal o ferro do terceiro, passo o green e quase choro para safar um duplo. Ricardo abre bem, falha o segundo shot, mas mete a bola no green à terceira. Pronto, estou dormie. Como é que eu explico isto em Lisboa?


 


Resultado: RICARDO 2UP


 



Buraco 17


Par: 3


Distância: 192 metros


 



Par 3 compridíssimo – e a minha cabeça no cepo. Ricardo bate um ferro e, mesmo assim, passa o green. Eu bato uma madeira 3 e vou parar exactamente ao mesmo sítio. Ele faz chip e dois putts, eu salvo um up-and-down com um putt americano que me permite continuar vivo. Afinal, isto ainda não acabou, hã, Rickieboy?


 


Resultado: RICARDO 1UP


 



Buraco 18Par: 5


Distância: 560 metros


 



Lá ao fundo, o green parece já nem sequer estar em território galês. Ainda nos pomos os dois em posição de atacar o green à terceira, mas falhamos ambos pela esquerda, eu para a ribanceira e ele para o bunker. Ele põe a bola na água à quarta, eu dou  minha melhor pancada do dia: um lob shot que me permite empatar o jogo. E se deixássemos isto assim mesmo, Ricardo?


 


Resultado: ALL SQUARE


 


 



 


RICARDO: “Já não consigo viver sem golfe”


 


Como recebeu o convite para ser o rosto da promoção da Ryder Cup em Portugal?


Foi uma coisa inesperada, mas não hesitei. Adoro este jogo e gostava muito de, naquilo que me fosse possível, contribuir para despertar essa mesma paixão nos mais novos.


Entre os golfistas amadores portugueses, é provavelmente um dos que têm a possibilidade de tocar mais pessoas. Sente essa responsabilidade?


É mais do que uma responsabilidade: é uma honra. Apesar de já termos o mais difícil de tudo, que são os campos magníficos, precisamos de pôr mais gente a jogar. O que se faz, em primeiro lugar, tirando da cabeça das pessoas a ideia de que isto é um desporto para velhos. Muita gente nem sequer tem ideia da dificuldade deste jogo, da competição que envolve.


É um jogo mais difícil do que o futebol?


É que não tem mesmo nada a ver. Para mim, é o desporto mais difícil de todos. Eu já pratiquei muita coisa. Já fiz rali, já fiz karting, já fiz motonáutica, agora sou profissional de futebol – sei bem do que falo. Às vezes, os amigos dizem-me: “Tu, que só praticavas desportos malucos, agora jogas golfe? Está muito mais calmo…” E eu só respondo: “Mais calmo? Mas isto é a maior maluquice que eu meti na vida…” Maluquice porque é um jogo dificílimo. E maluquice porque, quando se experimenta, já não se consegue viver sem ele. Hoje, por exemplo, é segunda-feira. Pois eu não jogava desde quinta e já estava angustiado.


Tem pena de só ter começado a jogar aos 30 anos?


Muita pena mesmo. É o que acontece com 99% das pessoas, aliás. Todos os golfistas passam a vida a dizer: “Que pena não ter começado mais cedo…”


Se tivesse começado mais cedo, podia ter sido profissional de golfe, em vez de profissional de futebol?


Talvez, não sei... Ser profissional de golfe é sempre muito difícil.


Nunca lhe passa pela cabeça profissionalizar-se depois de deixar o futebol?


É muito complicado. Em Espanha, o Guti, que tem o mesmo handicap que eu, já disse publicamente que, quando deixar o futebol, quer tornar-se profissional de golfe. Mas eu acho que uma pessoa tem de avaliar bem as coisas em que se mete. Os profissionais de golfe jogam com campos muito difíceis, à chuva e ao vento. Para além disso, têm de dedicar no mínimo seis horas por dia ao seu trabalho. Nós, futebolistas, mesmo que treinemos de manhã e à tarde, treinamos quatro horas – e já é um dia para rebentar. Eu adorava ser profissional de golfe. Mas tinha de ser dos bons – e isso sei que já não é uma possibilidade.


Pretende ser um amador de bom nível, portanto.


É o meu sonho. Adorava ser handicap 3, 4, no máximo 5. Para manter aquela coisa da competição que tenho dentro de mim.


Rui Jorge, que foi  seu colega do Sporting, costuma dizer que não tem ansiedade competitiva no golfe, porque a esgotou no futebol. Não é o seu caso.


Não. Eu tenho mais ansiedade competitiva ainda. Este é um desporto que nos põe à prova de dois em dois minutos. É um desporto de muita concentração. A bola está ali, mas acertar naquela coisinha pequenina é muito difícil – e obrigá-la a fazer aquilo que queremos que fala, ainda mais.


Um guarda-redes é um mau exemplo, porque se sofrer um frango pode estragar um jogo. Mas, um médio centro pode falhar quinze passes e ainda ser o melhor em campo. No golfe não é assim.


Pois não. Basta falhar um shot. No futebol, é diferente. Correu-te mal, acorreste mal a um cruzamento, saíste fora da área e o tipo fez-te um chapéu – paciência, ainda podes ganhar o jogo. O golfe não te dá segundas oportunidades. Não tem nada a ver.


Quando tempo ainda espera jogar futebol?


Talvez mais uns três ou quatro anos. Tive um problema num joelho, ao longo do qual ainda pensei em parar. Mas agora está resolvido. Sinto-me bem e quero continuar.


Ainda pensa na Selecção Nacional de futebol?


Nunca vou deixar de pensar. Enquanto jogar futebol, vou pensar sempre.


Tem esperança de ir ao Mundial?


Neste momento, não. Tenho a noção de que, para ser uma opção válida, tinha de estar a jogar no meu clube.


Regressar a Portugal é uma hipótese?


É uma hipótese.


Mas há perspectivas? Neste momento, o Ricardo é demasiado caro para os clubes portugueses, não?


É um tema delicado. Mas tudo se contorna, quando há vontade. Eu saí porque tinha o desejo de experimentar uma liga nova. Claro que, em termos financeiros, a diferença foi significativa. Mas o facto é que já sei como é o campeonato espanhol.


Ainda gostava de voltar a jogar no Sporting?


Sem dúvida. Tenho saudades.


Soube que pretende, depois da carreira de futebolista, desenvolver projectos de caridade na área do golfe.


Sim. Não só de caridade, mas de solidariedade em geral. Inclusive entre golfistas, profissionais e amadores, que precisem de ajuda nas suas carreiras.


Que ideias tem?


Várias. Muitas ideias mesmo. Mas é preciso reunir tempo, vontades, colaborações… Logo vemos o que acontece.


Esta colaboração com a Ryder Cup pode ser uma boa aproximação a esses projectos?


Penso que sim. Há uma experiência que se vai acumulando, há contactos que vão surgindo... Este é “só” o terceiro maior evento desportivo do mundo. É preciso não esquecer isso. E atenção: nem sequer há prize money – os jogadores jogam só prestígio, o que é uma lição de vida para toda a gente que queira fazer uma carreira na área do desporto, qualquer que seja a modalidade.


O que achou deste Twenty Ten Course?


Magnífico. Já estou habituado a distâncias longas, mas estas são ainda mais longas. É um campo muito difícil. Tenho a noção que, se o jogasse outra vez, já o fazia melhor. Mas, em Outubro, vai estar ainda mais complicado, com o rough crescido e tudo…


Vem ao País de Gales ver a competição – é assim?


Ainda não sei se consigo. Estava a pensar meter uns meses de baixa, mas no futebol não se pode (risos). De qualquer forma, é uma coisa que já disse a mim mesmo: uma das primeiras coisas que quero fazer quando deixar o futebol é ver uma Ryder Cup e experimentar aquele ambiente. E ainda acho que, um dia, vou ver uma com um português em campo: o meu amigo Pedro Figueiredo.


Está preparado para colaborar na candidatura de Portugal à Ryder Cup 2018?


Claro. Em tudo o que for preciso. Tenho muita fé no êxito da candidatura. O mundo inteiro sabe que nós sabemos organizar competições de grande nível. Se é assim no futebol, porque é que não haveria de ser no golfe também?



 


 


 


38ª Ryder Cup


 


A Ryder Cup foi fundada em 1927 por Samuel Ryder. Disputa-se de dois em dois anos, alternadamente entre a Europa e os Estados Unidos. A equipa europeia começou por ser apenas formada por jogadores da Grã-Bretanha, alargando-se depois à Irlanda (1973) e ao resto da Europa (1979). Os Estados Unidos venceram 25 edições e a Europa 10, tendo-se registado 2 empates. Depois das vitórias da Europa em 2002, 2004 e 2006, os EUA venceram em 2008, sendo portanto os detentores do título para 2010.


 


CAMPO: Twenty Ten (Celtic Manor Resort, Newport, País de Gales)


DATAS: 1 a 3 de Outubro de 2010


PARTICIPANTES: 12 jogadores europeus (capitaneados por Sir Colin Montgomerie) e 12 jogadores americanos (capitaneados por Corey Pavin)


BILHETES: entre os € 34 e os € 1078, adquiríveis através de inscrição no site www.seetickets.com (cerca de 200 mil bilhetes de diferentes durações para sortear entre os inscritos)



REPORTAGEM. J (O Jogo), 4 de Abril de 2010


Domingo, 31 de Janeiro de 2010
publicado por JN em 31/1/10

O buraco 3, par 5, é em si próprio uma experiência. Com 622 metros de comprimento a partir das marcas brancas (601 das amarelas), é com um misto de orgulho e de ligeireza que ostenta o estatuto de maior da Península Ibérica “e um dos maiores da Europa”. E, no entanto, não se trata apenas de bater a bola em frente. Pode-se começar com o driver, claro – mas é preciso batê-lo direito: um nadinha à direita e a bola desaparece, um nadinha à esquerda e desaparece também. Depois, o quê – uma madeira 3? Lago quase de certeza, na melhor das hipóteses mato da direita (e bola perdida de novo). Valerá a pena, então, bater um ferro médio, seguido de um ferro curto para o green? E se fosse ao contrário das normas estabelecidas – um pitching wedge agora e, mais ali à frente, um ferro 7, quem sabe até um 8, evitando cair na vinha ou na horta que se escondem para lá e à esquerda do green? Em suma: confiamos nos nossos instintos ou é melhor voltar a fazer as contas?


Pois o nosso fim-de-semana no Minho, terra do vinho verde, começa por aqui: pelo belíssimo campo do Axis Golfe Ponte de Lima – e ainda bem que começa. Porque, cinco minutos depois, já estamos a aprender. Dizer que se trata de um campo difícil é eufemismo – é um campo sacana mesmo. Ousa-se um bocadinho e já está: bola perdida no mato. Relaxa-se um nadinha e já está também: sapo garantido na relva humedecida. Confiar na intuição é proibido: é preciso efectivamente medir as distâncias, recorrendo ao cartão e às marcas de tee e fairway, que as perspectivas são mais do que ilusórias. Se em algum campo português se pode dizer que tudo reside na escolha dos ferros, no fundo, é neste. Segredo: gerir o saco como a caixa de velocidades de um automóvel: reduções nas curvas, velocidades mais livres nas rectas – mas nunca cair na tentação da prise e, sobretudo, jamais perder o travão de vista.

Mestres de cerimónias: os irmãos Daniel e David Silva, a melhor dinastia da história do nosso golfe profissional. Desafiados a construir um campo championship na montanha, aproveitando retalhos de terreno dispersos por entre quintas ancestrais e vinhedos pitorescos, recusaram cingir-se ao que parecia haver e decidiram reinventar o espaço. Resultado: um retorcido par 71, com um back nine relativamente benigno, mas um front nine absolutamente desconcertante. Fazê-lo a pé é quase impossível. E, quando um homem chega finalmente à chu-house, confortável, cheia de luz e com uma belíssima vista sobre os mais bonitos fairways da segunda volta, traz duas certezas. A primeira é que, se o jogasse de novo, faria muito melhor. A segunda é que está definitivamente preparado para um fim-de-semana de descanso, tal o desafio a que se submeteu nas três ou quatro horas anteriores.


 


Espera-nos o Aquafalls Hotel & Spa, o primeiro (e único, até ao momento) hotel rural português a merecer a classificação de cinco estrelas – e chegar a ele, mesmo tratando-se da primeira vez, é como regressar a casa. À volta, São Miguel da Caniçada está envolvido em silêncio, agora que a noite caiu. Em baixo, o Cávado é apenas um brando rumor, de resto mal discernível na penumbra. Ao fundo, o Gerês é uma silhueta, não mais. E, no entanto, é como se todos eles estivessem ali connosco: a serra, o rio e a própria floresta – todos ali juntos para nos receberem, na suavidade das mãos que nos cumprimentam, no savoir faire das vozes que nos dão as boas-vindas, na ternura do silêncio, na intensa solidão das tempestades, nos campos alagados, nos sítios sem resposta de que falava o poeta.

Situado nos arredores de Vieira do Minho, a escassos 30 km de Braga, 85 km do Porto e não mais de 100 km de Tuy, na fronteira espanhola, o Aquafalls é pouco menos do que uma epifania. A respeitadíssima Tatler, revista britânica dedicada ao glamour e ao lifestyle, incluiu-o na sua lista dos 101 melhores hotéis de spa do mundo – e facilmente se percebe porquê. Ao todo, são dois quartos, ambos no edifício principal, e 22 suites dispersas por 11 bungalows, todos projectados pela arquitecta Rosário Rodrigues. E cada uma dessas suites é como que um pedaço do paraíso. De tipologia T1 e com terraço privativo, dispõem quase todos de casa de banho com duche e banheira independentes, dois ecrãs plasma (ambos com pacote completo de televisão por cabo, incluindo SportTV), acesso Internet de banda larga e tudo o mais que alguém possa pedir para um fim-de-semana de sonho. Pela manhã, e pedindo o pequeno-almoço no quarto, nem é preciso abrir a porta ao empregado: ao levantar já os croissants estaráo, com o jornal do dia ao lado, num pequeno alçapão lateral, com acesso por dentro e por fora.

Os jardins, embora ainda em crescimento, são outra descoberta. Pequenas alamedas de plátanos e ciprestes ligam recantos com choupos e laranjeiras – e dispersos pelo recinto estão uma quadra de ténis, um campo de mini golfe, um pequeno parque infantil, um miradouro, uma piscina exterior. Mas é lá dentro, no edifício principal, que reside o spa – e nós mal podemos esperar por experimentá-lo Até que pousam em nós aquelas mãos cálidas: duas mãos como se fossem uma só, massajando, dissolvendo-se e logo massajando noutro lugar – e, lentamente, o mundo vai desaparecendo no horizonte, os fracassos e os sucessos profissionais, as tensões e mesmo o amor, a viagem e o próprio jogo de golfe: tudo o que exista para além daquelas mãos e do corpo que elas manuseiam como se lhes pertencesse (ou as mãos a ele). E não é sem alguma frustração que evitamos o ginásio, a piscina e a sauna, a que facilmente recorreríamos só para termos um pretexto para voltar à massagem.


 


Optamos pelo almoço no Splendid, o restaurante do próprio hotel– e, então, o poeta volta a beijar-nos. Ao lado, janelões rasgados oferecem-nos o rio, a montanha, o horizonte. À nossa volta, os restantes hóspedes têm os olhos semi-cerrados – vêm igualmente do spa, naquele estado de cripto-consciência que é quase o espectro, não da morte, mas da vida eterna. E a comida é gloriosa, incluindo, por exemplo, uma perdiz estufada e um bacalhau com migas de broa por que vale esperar um ano inteiro, contanto que a recompensa seja exactamente aquela. Mérito de Jerónimo Abreu, o chef recrutado ao Tivoli Algarve – e mérito, já agora, de Eva, a nossa anfitriã do dia, com o seu riso fácil, o seu ar ao mesmo tempo despachado e ternurento e o seu sólido conhecimento da garrafeira, dos ingredientes a que Jerónimo Abreu recorre, dos significados daquela comida naquele lugar, naquela atmosfera casual chic, neste tempo que vivemos.

Voltamos para o nosso bungalow, para a sua base de granito, para o seu forro de madeira – e, pela primeira vez em muito tempo, dormimos pela tarde fora. Na dia seguinte, sim, partiremos pela região. Visitaremos a vila do Gerês, a montanha sobre ele e o incontornável miradouro da Pedra Bela. Passaremos a barragem, almoçaremos no célebre Abocanhado, em Brufe, e rezaremos uma oração junto ao santuário de São Bento da Porta Aberta, mesmo faltando-nos em absoluto a fé. No fim, deixamos os passeios de jipe e de moto 4, de barco e mota de água, de bicicleta e a pé para outra ocasião. Não levamos filhos na bagagem – e também por isso deixaremos a animação e o baby sitting para uma próxima visita. Acabamos simplesmente vagueando sem destino, pela Caniçada, entre as quintas de castanheiros e os vinhedos que se erguem no ar, às vezes parecendo árvores, outras iluminação natalícia.

No domingo à noite, enquanto fazemos as malas, uma última dúvida nos assalta: voltar já para a cidade ou ficar mais uns dias, ignorando as obrigações e os compromissos, conhecendo um pouco mais desta natureza bela e exuberante, feita de sucessivos anfiteatros debruçados sobre rios românticos e inesquecíveis, nas margens dos quais se aninham os restaurantes mais serenos e generosos – mergulhando na cabidela e nas papas de serrabulho, conhecendo os trilhos pedestres e, já agora, fazendo novo desvio a Ponte de Lima, para ajustar contas com um certo sacana que nos sacudiu como a mantas velhas? Acabamos por fazer-nos à estrada, na certeza de que todas as partidas têm um mérito: quem nunca partiu, não pode nunca voltar. O fim-de-semana perfeito é assim mesmo: aquele de que se parte ao mesmo tempo com a mágoa de partir e a certeza absoluta de que, em breve, se regressará.


 


 


MINHO


GEOGRAFIA: situada na zona noroeste de Portugal continental, é limitada a Norte e a Nordeste pela Galiza, a Este por Trás-os-Montes e Alto Douro, a Sul pelo o Douro Litoral e a Oeste pelo Oceano Atlântico.

VIGÊNCIA FORMAL COMO PROVÍNCIA: 1936-1976

SUB-REGIÕES: 4 (Minho-Lima, Cávado, Ave e Tâmega, as últimas duas partilhadas com a antiga província do Douro Litoral)

DISTRITOS: 2 (Braga e Viana do Castelo)

CONCELHOS: 24

ÁREA: 4928 km

POPULAÇÃO: 1,1 milhões de habitantes

PONTO MAIS ALTO: Serra do Gerês (1545 m)

OROGRAFIA: a costa é baixa e recortada, alternando os pequenos lanços de praia arenosa com os rochedos que as marés cobrem na maior parte da superfície; a zona montanhosa, em anfiteatro para o mar desde as serranias do Gerês, Marão e Montemuro, é cheia de vertentes alcantiladas, propícias ao desenvolvimento de espécies selvagens, sendo por isso uma das regiões do país com mais notáveis belezas naturais

PRINCIPAIS ACTIVIDADES ECONÓMICAS: agricultura (milho e vinha), indústria (têxteis, electricidade, electrónica, confecções, construções mecânicas, celulose, fiação e mobiliário) e serviços

ATRAÇÕES GASTRONÓMICAS: caldo verde, caldo de pobres, bacalhau à Gomes de Sá, bacalhau à lagareiro, bacalhau à Zé do Pipo, arroz de lampreia, angulas com toucinho, cascarra guisada, sável fumado, cabidela de miúdos, rojões, arroz de sarrabulho, arrozada de galerós, aletria, arroz doce, cavaca e sopa dourada, entre outras.

PRINCIPAIS CASTAS DE VINHO: Alvarinho, Arinto, Avesso, Azal Branco, Azal Tinto, Batoca, Borracal, Brancelho, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Espadeiro, Loureiro, Merlot, Padreiro de Basto, Pedral, Rabo de Ovelha, Riesling, Trajadura e Vinhão.


 


 


AQUAFALLS SPA HOTEL RURAL


PROPRIEDADE: Aquafalls-Gestão e Exploração Hoteleira, Lda

ENDEREÇO: São Miguel, Caniçada, 4850-503 Vieira do Minho (GPS: 41º38’52’’N/8º12’20’’W)

INAUGURAÇÃO: 2008

CATEGORIA: 5 estrelas

DISTINÇÕES: primeiro hotel rural português a obter a categoria de 5 estrelas; “Chave de Ouro” do guia “Boa Cama, Boa Mesa”, do jornal “Expresso”

DIRECTOR: Maria Nunes da Ponte

SÍTIO OFICIAL: www.aquafalls.pt


INFRA-ESTRUTURAS E SERVIÇOS

QUARTOS: 2 quartos e 11 bungalows (num total de 22 suites)

ESPAÇOS: spa, restaurante, bar, sala de pequenos-almoços, auditório, piscinas interior e exterior, quadra de ténis, campo de mini-golfe, miradouro e jardins

ACTIVIDADES: ténis, mini-golfe, natação, caminhada, rotas temáticas, visitas a aldeias típicas, arborismo, desportos náuticos, passeios de bicicleta, passeios de todo-o-terreno, passeios de barco e passeios de moto de água

SERVIÇOS COMPLEMENTARES: estacionamento (gratuito), internet de banda larga em todo o recinto (wireless no edifício principal), personal trainer, baby sitting, lavandaria, loja Sisley, aluguer de buggies

TARIFAS: variáveis, consoante os programas e as épocas do ano (tabela de € 179 a € 324)

RESERVAS: 253.649.000 (tel), 253.649.009 (fax), info@aquafalls.pt(email)


RESTAURANTE (SPLENDID)

GASTRONOMIA: internacional e de autor

CHEF: Jerónimo Abreu

FUMADORES: não

RESERVAS: 253.649.000 (tel)

PREÇO MÉDIO: € 30 por pessoa


ACESSOS

SITUAÇÃO: 55 km a NE da cidade do Porto

ACESSOS: tomar EN 103 na direcção Chaves, cerca de 30 km após a saída de Braga, virar à esquerda na rotunda de Cerdeirinhas (direcção Parada de Bouro), cerca de 3,5 km depois cortar à direita na direcção São Miguel (Caniçada)


 


 


AXIS GOLFE PONTE DE LIMA


PROPRIEDADE: GPL Golfe Ponte de Lima, SA

ENDEREÇO: Quinta de Pias-Fornelos 4990-620 Ponte de Lima (GPS: 41º44’58’’N/8º34’25’’W)

INAUGURAÇÃO: 1995

DISTINÇÕES: não tem

PRINCIPAIS PROVAS: integrou o circuito da PGA Portugal em 1997 e 1998

DIRECTOR: Manuel Francisco Miguel

GOLF-PRO: Alfredo Cunha

Nº DE SÓCIOS: 580

SÍTIO OFICIAL: www.axishoteisegolfe.com


ARQUITECTURA

ARQUITECTOS: David e Daniel Silva

ÁREA: 33 ha

TIPO: montanha, parkland

BURACOS: 18

PAR: 71

COMPRIMENTO: 6005 (brancas), 5653 (amarelas), 4719 (vermelhas)

COURSE RATE: 69,8 (brancas), 67,7 (amarelas), 68,8 (vermelhas)

SLOPE RATE: 145 (brancas), 139 (amarelas), 135 (vermelhas)

DRIVING RANGE: sim

PITCHING GREEN: sim

PUTTING GREEN: sim


QUOTAS, GREENFEES E SERVIÇOS

GREENFEE ANUAL: € 770 (utilização ilimitada)

JÓIA DE INSCRIÇÃO: € 3000 de acção (sócio individual) € 6000 (sócio-empresa)

VOLTA DE 18 BURACOS: € 60 (todos os dias), fora convénios e descontos para jogadores federados (-20 %) e juniores (€ 25)

VOLTA 9 BURACOS: € 28 (todos os dias), convénios e descontos para jogadores federados (-20 %)

PROMOÇÕES ESPECIAIS: Pack de fim-de semana (€ 140, incluindo 2 noites de alojamento, 2 green fees, 2 lanches, 2 pequenos-almoços e 1 jantar; € 85 por cada acompanhante não jogador, com direito aos mesmos extras)

BUGGY: € 20 (9 buracos) € 35 (18 buracos)

CADDIE: não tem

TROLLEY ELÉCTRICO: não tem

TACOS DE ALUGUER: € 30

COURSE GUIDE: não tem

TOKEN: € 1 (25 bolas)

LIÇÕES: € 30 por 30 minutos; € 50 por 1 hora (€ 65 para 2 pessoas, € 80 para 3 pessoas)

MARCAÇÕES: 962.123.784


ACESSOS

SITUAÇÃO: 58 km a NE da cidade do Porto

ACESSOS: pela A3, sair na saída 11 para Ponte de Lima, tomar a EN 201 na direcção Braga e seguir as placas “Golfe”


REPORTAGEM. J, 31 de JANEIRO de 2010

Joel Neto


Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974, e vive entre o coração de Lisboa e a freguesia rural da Terra Chã, na ilha Terceira. Publicou, entre outros, “O Terceiro Servo” (romance, 2000), “O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002) e “Banda Sonora Para Um Regresso a Casa” (crónicas, 2011). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista de origem, trabalhou na imprensa, na televisão e na rádio, como repórter, editor, autor de conteúdos e apresentador. Hoje, dedica-se sobretudo à crónica e ao comentário, que desenvolve a par da escrita de ficção. O seu novo romance, “Os Sítios Sem Resposta”, sai em Abril de 2012, com chancela da Porto Editora. (saber mais)
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"Os Sítios Sem Resposta",
ROMANCE,
Porto Editora,
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"O Citroën Que Escrevia
Novelas Mexicanas",
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"O Terceiro Servo"
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Um Regresso a Casa
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Porto Editora,
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2003
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