Domingo, 18 de Julho de 2010
publicado por JN em 18/7/10



É inglesa, tem 36 anos e especializou-se em
Psicologia Desportiva Aplicada e Programação Neurolinguística. Na sua rotina, e para além das consultas em Londres, estão uma série de viagens à volta do mundo, acompanhando golfistas de todas as categorias e vocações. Um deles é Filipe Lima, o jogador português mais bem cotado no ranking mundial (e, de resto, novamente em dificuldades para segurar o seu cartão do European Tour).


 


“Apaixonada por desporto” e “altamente determinada  a ajudar os desportistas de elite a atingir performances sustentadas que lhes permitam pôr em prática o seu verdadeiro potencial”. Assim se define, no seu próprio curriculum vitae, Zoe Chamberlain, a psicóloga de Filipe Lima (e agora também de Ricardo Santos). Começou como proprietária de uma loja de alimentação natural, com a qual começou a receber prémios nacionais logo aos 18 anos, mas encantou-se com o golfe, começou a jogar e a ganhar torneios – e em breve estava a percorrer a via sacra académica em direcção ao estatuto de consultora psicológica desportiva que hoje o European Tour lhe reconhece. Nesta entrevista à J, resguarda-se no sigilo profissional e não explica se Filipe Lima está psicologicamente melhor ou pior do que quando começou a trabalhar com ela, no ano passado. Mas insiste que, depois da garantia de capacidade física e técnica, o maior desafio de um golfista é ser capaz de replicar em condições de torneio aquilo que faz no driving range. E que, para isso, a psicologia é fundamental.


Filipe Lima tem-se colocado este ano, durante as primeiras rondas de diferentes torneios, em posição de discutir a vitória, mas se chega a passar o cut acaba quase sempre por afundar-se no fim-de-semana. É um problema psicológico?


Infelizmente, não posso responder a questões específicas sobre o Filipe. A confidencialidade profissional é extremamente importante para um consultor psicológico desportivo. Sigo-me pelo código da British Association of Sport and Exercise Sciences, que é rigoroso.


Certo. De qualquer forma, muitos defendem que, do ponto de vista técnico, Filipe Lima é capaz de muito mais do que aquilo que tem produzido. O que é que lhe falta? Confiança?


Não posso mesmo comentar. Mas sei que ele é um jogador de classe mundial e que está a trabalhar duro para melhorar todos os dias.


Há quem argumente que a rotina dele, viajando frequentemente com a família e deixando-se seguir por ela ao longo de algumas rondas, prejudica a sua concentração. É justo dizer isso?


Insisto: não posso comentar.


Muito bem. Como chama aos jogadores com que trabalha: “clientes” ou “pacientes”?


Chamo-lhes “clientes”. Chamo-lhes “jogadores que escolhem, por auto-recreação, trabalhar comigo no sentido de melhorar a sua abordagem psicológica ao jogo”. Um paciente é alguém a receber tratamento médico. Não administro tratamento médico. Nem sequer estou qualificada para isso.


Bobby Jones costumava dizer que “o golfe é um jogo disputado num campo de dez centímetros: a distância entre as nossas duas orelhas.” É verdade? Quão importante é, no fundo, a psicologia no golfe?


O golfe é uma modalidade extremamente técnica e, sem uma boa técnica, nenhum jogador tem possibilidades de ser bem sucedido. Por outro lado, ter uma boa técnica no driving range é irrelevante se não se conseguir replicá-la depois em condições de torneio, sob pressão. É aqui que muitos golfistas falham. Todos os desportistas de topo enfrentam problemas psicológicos com relativa regularidade. No golfe, porém, é pior, porque há muito tempo para pensar entre shots. E é precisamente na forma como se usa esse tempo que pode residir a solução. Porque, ao contrário de uma série de outros desportos, como o futebol ou o ténis (que têm uma grande componente de reacção), no golfe é sempre o jogador a decidir exactamente quando vai executar o seu shot. É fundamental escolher o momento certo, o momento em que a mente e o corpo estão preparados para entrar em acção.


Em que medida um golfista é diferente de outro desportista qualquer?


Um golfista é parecido com qualquer outro desportista. O jogo é que é diferente.


Tem clientes de outros desportos?


Sim. Trabalho com desportistas de várias outras modalidades, incluindo o futebol, o cricket, o ténis e  o tiro. Muitos dos princípios que uso no golfe também se aplicam a essas modalidades. A minha base de trabalho é ajudar os atletas a perceber o que fazem quando jogam bem e o que devem fazer para conseguir repetir esse momento. Está tudo na consciência: quando mais altos os níveis de consciência, melhor. E o segredo reside quase sempre na rotina pré-performance, no golfe tanto quanto nos outros desportos. Agora, é claro que é muito importante que eu perceba as exigências individuais de cada modalidade e de cada atleta, tanto a nível físico como psicológico. O caso do golfe, por exemplo, é excepcional no que diz respeito à longevidade de uma carreira. Na maior parte dos outros desportos, um jogador já está retirado quando chega a meio da casa dos 30 anos. Se estiver bem fisicamente, um golfista pode jogar muito mais tempo. Isso é uma questão muito importante.


Receita medicamentos? Ou limita-se a falar com os seus clientes?


Falo um pouco, mas sobretudo ouço. Faço perguntas que os ajudam a perceber o que fizeram bem e como ainda podem melhorar isso que fizeram bem.


Tem havido algum debate sobre que tipo de drogas devem ser consideradas doping no golfe. Aparentemente, aquilo de que um golfista podia precisar é diferente daquilo de que tantos outros desportistas precisam. No fundo, drogas para relaxar, não para excitar. Quais são exactamente, na sua opinião, as substâncias que podem potenciar a performance no golfe?


Não é a minha área de especialidade. O ideal, quanto a isso, é falar com um médico ou um nutricionista.


Qual é a sua rotina? Viaja muito com os jogadores ou eles vão visitá-la a Londres?


Viajo com frequência para torneios do European Tour e do Challenge Tour, de forma a poder corresponder às necessidades dos mes clientes e de poder assistir ao seu trabalho de forma regular. Estou com eles no putting green, no driving range, na clubhouse, nas voltas de treino…Mas também os recebo em Londres, claro. Encontrarmo-nos longe dos torneios também é muito importante, sobretudo na hora de fazer balanços.


Como se interessou por esta área? Jogava golfe? O que estudou, exactamente?


Comecei a jogar golfe pouco depois dos 20 anos e fiquei logo “agarrada”. A certa altura, pensei em mudar alguma coisa na minha carreira e decidi que queria tornar-me consultora psicológica desportiva. Fui para a universidade e fiz uma licenciatura em Performance Desportiva, o que me deu uma boa noção do que é a ciência desportiva, incluindo a Psicologia. Depois continuei a estudar Psicologia Desportiva Aplicada, incluindo um mestrado em Programação Neurolinguística. Para além disso, fiz alguns estudos suplementares de hipnoterapia e aconselhamento.


Que tipo de exercícios põe os jogadores a fazer?


Para além das perguntas que faço, destinadas a incrementar a consciência, recomendo uma série de estratégicas e técnicas destinadas a ajudá-los a chegar ao ponto certo – aquilo a que chamamos, em inglês, “to get into the zone”. Às vezes é preciso relaxar, outras é fundamental endurecer. Regra geral, o mais importante é ajudá-los a obrigarem-se a si próprios a jogar um shot de cada vez. Quando um golfista está verdadeiramente no presente, não é afectado nem por maus shots do passado nem pela ansiedade de uma vitória futura.


Quais são as diferenças entre um golfista profissional e um gofista amador? Os seus ensinamentos podem ser úteis a um amador também?


Não há muita diferença. Inclusive, também trabalho com amadores. A única distinção importante é que, para além das viagens e da atenção dos media, os profissionais estão a tentar ganhar a sua vida com o golfe. Isso é relevante também.


Quem são exactamente os seus clientes no golfe?


Para além de alguns amadores ingleses, trabalho com profissionais do European Tour e do Challenge Tour e com algumas senhoras do Ladies European Tour e do Asian Tour. Graças às novas tecnologias, consigo manter contacto regular com todos. O Skype é-me particularmente útil.


Já foi contactada por outros golfistas portugueses, para além de Filipe Lima?


Sim. Desde Maio que estou a trabalhar também com Ricardo Santos.


Como articula o seu trabalho com os restantes treinadores e consultores de cada golfista? Com que frequência fala com os treinadores de swing, os preparadores físicos, os nutricionistas…?


Sempre que visito um torneio, tento encontrar-me com todos eles. Incluindo o caddie, que também é muito importante. Para além disso, o meu marido é nutricionista e também trabalha com vários golfistas. Tenho a vantagem de vê-lo com bastante frequência. (risos)


Diz Bob Rotella, um decano da psicologia aplicada ao golfe, que este jogo se resume “à forma como aceitamos, respondemos e potenciamos os nossos falhanços”. O golfe é sobretudo a capacidade de gerir a frustração?


A aceitação é essencial no golfe – e ela assenta na forma como cada golfista responde às diferentes situações de desafio. Um jogador pode escolher ficar chateado e frustrado ou, pelo contrário, seguir em frente. Essa escolha é totalmente da sua responsabilidade. Mas, quanto mais ele for capaz de aceitar, melhor vai responder ao shot seguinte. Quando se é afectado negativamente por eventos já passado, é muito mais difícil manter o foco.


É uma seguidora da escola de Bob Rotella? Quais são as principais correntes existentes nesta área?


Li alguns dos seus livros e acho que os seus ensinamentos são bastante humanistas. A minha visão é sobretudo holística. Tento ver também o homem por detrás do golfista. Tento saber o que acontece em casa, o que acontece nas outras áreas da vida dele. Tudo isso fará parte da abordagem que ele vier a fazer ao jogo. Se um golfista não estiver feliz, o mais provável é que isso se reflicta na sua performance. Até nessas áreas posso trabalhar. Há metodologias para isso.


O que acha de “O Segredo” e de outros grandes sucessos editoriais na área da auto-ajuda? Os livros de auto-ajuda favorecem ou prejudicam o trabalho de um psicólogo desportivo?


Alguns livros de auto-auda que li reforçam, de facto, qualidades chave para o sucesso. Mas só quando um golfista verdadeiramente vive de acordo com os princípios mais importantes é que isso vai produzir efeitos práticos e duradouros na sua área de actividade profissional. Embora alguns livros de auto-ajuda possam colaborar, estou convicta de que os seus efeitos são fugazes. Podem é, claro, ser potenciados depois, com a ajuda do psicólogo.


O que faria com Tiger Woods? Como lidaria com o caso dele?


Bom, eu não faço nada “aos” golfistas. Eles é que têm de querer atravessar um processo comigo. Mas, no caso de Tiger, eu tentaria saber tudo o que se passou, tanto na sua vida como na sua carreira, e a forma como isso está a afectá-lo, tanto dentro como fora do campo. Depois tentaria perceber quais são as suas necessidades individuais e como poderia eu ajudá-lo, tanto no golfe como do ponto de vista pessoal.


Segundo se tem apercebido, até que ponto a experiência de Tiger tem sido importante para outros golfistas? De que maneira a situação está a afectá-los? Que preocupações têm eles demonstrado – e de que forma isso está a afectar as suas rotinas?


De início, muitos ficaram chocados por o golfista perfeito ter cometido um erro ético. Agora que a poeira assentou, o golfe já seguiu em frente. Acho que a situação de Tiger, na verdade, tem muito pouca influência entre a maioria dos golfistas profissionais. Quanto a ele, porém, penso que a questão essencial é: “Será que ele ainda vai conseguir bater o recorde de Jack Nicklaus?” E eu acho que, se ele se conseguir aceitar como pessoa, conseguir fazer o luto do seu passado e conseguir manter o desejo e a motivação, vai.


ENTREVISTA. J (O Jogo), 18 de Julho de 2010

Domingo, 22 de Novembro de 2009
publicado por JN em 22/11/09

Alguém disse que foi o melhor golfista a jogar em Portugal desde Henry Cotton, nos anos 1960 – e o mais provável é que haja alguma verdade nisso. Duplo campeão do US Open, Retief Goosen já ganhou em todos os continentes – e raro é o ano, desde que se tornou profissional (1990), que não ganha pelo menos um ou dois torneios. Aos 40 anos, o sul-africano passou por Portugal para jogar o seu primeiro Portugal Masters, cuja vitória disputou até ao fim. Pelo meio, sentou-se à mesa com a J para uma conversa em que defendeu o papel de John Daly na popularização do golfe, disse esperar envelhecer como Kenny Pery para poder disputar os Jogos Olímpicos de 2016 – e, sobretudo, explicou como o swing de golfe passa por drásticas mudanças desde há uns anos a esta parte.


Ganhou este ano o Transitions Championship, o seu primeiro torneio do PGA Tour em mais de quatro anos. Como foi voltar a sentir essa sensação?

Foi maravilhoso. E ainda tive outras oportunidade de ganhar.

No Canadian Open, por exemplo.

Sim. E no AT&T, e no The Tour Championship. Foi um bom ano para mim. Joguei de forma consistente. Nos últimos anos, era uma boa ronda na quinta e uma má ronda na sexta, uma boa ronda no sábado e outra má ronda no domingo...

O que se passava?

Andei a trabalhar em algumas mudanças no meu swing. Por outro lado, estava a jogar mal o putter. Melhorei bastante este ano. No fim, isso é sempre o mais importante. Basicamente, toda a gente bate bem na bola a partir do fairway.

Porque se sente na necessidade de mudar o swing? Não falta quem defenda que é o mais bonito do PGA Tour…

Tenho andado a trabalhar um bocadinho no backswing…

A encurtá-lo?

A verticalizá-lo um bocadinho mais, talvez.

Têm sido tempos complicados para os jogadores sul-africanos. Ernie Els anda com problemas de regularidade, Trevor Immelman desapareceu depois de ganhar o The Masters, Tim Clark nunca mais ganhou após o Australian Open…

Bom, o Charl Schwartzel tem estado razoável. E o Richard Sterne está menos bem este ano, mas em 2008 não esteve mal. Mas talvez tenha razão, sim: talvez, de facto, não estejamos, por esta altura, ao nosso melhor nível. A não ser talvez o James Kingston, ninguém está a jogar o golfe que pode.

O que se passa?

Bom, temos outros jovens jogadores prontos a explodir. Simplesmente é difícil arranjar um bom patrocinador – e andar no tour é caríssimo…

Certo. Mas é só coincidência ou, apesar da aparente perfeição, o swing sul-africano, de tão clássico, está a ficar um pouco desactualizado?

Bom, acho que nem sempre sentimos que o nosso swing é perfeito… (risos)

Claro. Mas olhemos para Lucas Glover, que venceu este ano o US Open. Para Ricky Barnes, que quase o ganhava. Para Jim Furyk, que teve um excelente ano. Para uma série de jogadores americanos actualmente em grande nível, aliás: não são a prova viva de que o swing clássico está um bocadinho datado?

Penso que sim. O swing de golfe tornou-se muito mais rígido e firme. O Lucas Glover é, efectivamente, um bom exemplo disso: swing compacto, pouca estética, grandes distâncias, boa precisão. Quer dizer: não tem nada a ver com o Ben Hogan, o Sam Sneed ou tantos outros jogadores do passado, cujo swing era na verdade bem mais “preguiçoso”. Penso que eu ou o Ernie estamos muito mais próximos destes, em termos de estilo. Hoje em dia, é preciso ser mais forte, mais duro, mais competitivo – no fundo, mais agressivo. Há, de facto, aspectos técnicos importantes a actualizar no nosso jogo. E penso que talvez estejamos a sofrer da falta disso, eu e outros jogadores sul-africanos.

Mas porque é que o swing mudou tanto?

Por causa da tecnologia. Antigamente as varetas eram menos rígidas, pelo que o timing era absolutamente decisivo. Hoje, as varetas são mais duras, as bolas voam mais alto – e um swing mais knock-down, mais batido, pode produzir melhores resultados. Porque, no fundo, tira melhor partido da tecnologia – e, a este nível, uma diferença subtil pode ser a diferença toda.

E o que se faz para conseguir actualizar um swing?

Cada caso há-de ser um caso, suponho. Eu tenho tendência para relaxar um bocadinho o backswing. É nisso que estou a trabalhar agora.

Divide-se actualmente entre o PGA Tour e o European Tour. Em qual prefere jogar?

Eu gosto do PGA Tour, mas prefiro jogar no European Tour. É muito mais amigável.

“Amigável”?

Sim. Os jogadores são mais íntimos uns dos outros. Ficamos nos mesmos hotéis, jantamos nos mesmos restaurantes… Na América, é cada um para o seu lado. Nunca se vê ninguém depois de sair do campo.

É uma questão de competitividade?

Não sei. A Europa também é muito competitiva e disciplinada. Se alguma vantagem o PGA Tour tem, é só a profundidade do field: há mais jogadores capazes de ganhar em cada torneio.


E, portanto, mais jogadores que não se dão bem uns com os outros – é isso?

Não. Damo-nos todos bem. Mas na América há um sentido de família muito intenso. Os jogadores viajam muito com as famílias e, portanto, praticamente não se deixam ver depois dos jogos. Tenho pena, porque gosto do convívio.

Tem uma casa em Lake Nona, na Florida – e Ernie Els, Sergio Garcia, Ian Poulter, Nick Faldo, Henrik Stenson ou Annika Sorenstam são seus vizinhos. Costumam ver-se?

Bom, na verdade, o Ernie e o Sergio já venderam as casas deles. Mas vejo muito o resto da malta. Sobretudo nas semanas antes dos majors, em que nos cruzamos todos nas áreas de treino.

Acha que a Race To Dubai alguma vez conseguirá ultrapassar – ou mesmo igualar – a FedEx Cup?

Pode ser, nunca se sabe. Na verdade, este ano foi o primeiro em que a FedEx Cup foi um verdadeiro sucesso. A Race To Dubai está mesmo a começar e já está a ser bastante interessante, com tanta disputa no topo.

Mas, em termos de prize money, subsiste uma grande diferença...

É verdade. Mas quem sabe quanto tempo esse dinheiro vai durar na América também? Vivemos momentos complicados – e ainda ninguém sabe como é que se sai daqui, tanto quanto me parece.

O facto é que, até agora, foi precisamente a Race To Dubai a sofrer mais com esta crise, vendo-se inclusive obrigada a reduzir o os seus prize funds.

Sim, e por um lado foi uma decepção. Senti desde o início que o European Tour estava a exagerar um bocadinho – e o facto é que estava. Foi um tiro no pé.

Envolveu-se numa controvérsia no ano passado, ao fim do US Open, sugerindo que Tiger Woods estaria a fingir a lesão no joelho para engrandecer a sua própria vitória. O que o levou a isso?

Isso foi um bocadinho descontextualizado. Na verdade, eu não era o único a dizê-lo – apenas foi o único a ser citado dizendo-o. O facto é que ele só parecia queixar-se quando batia maus shots, nunca quando batia bons. Mas estávamos todos enganados. Ele estava de facto lesionado.

Falou com ele mais tarde?

Falei. Escrevi-lhe, expliquei a situação – e depois ainda falei com ele pessoalmente. Está tudo bem.


São amigos? Pode dizer isso?

Somos amigos. Se nos encontramos numa club house, paramos a conversar. A questão é que ele tem sempre dez guarda-costas à volta, pelo que é difícil aproximarmo-nos.

É reconhecido como uma pessoa calma e tranquila. As pessoas ficaram um tanto surpreendidas com a dureza das suas palavras.

Depende.

Depende do quê?

Toda a gente me vê como uma pessoa calma e tranquila, mas na verdade ninguém sabe como é que eu sou com a minha família, com as minhas crianças, com os meus amigos.

Mas alguns…

Quer dizer, vêem-me em campo a fazer um putt – o que é que esperavam? Um putt bate-se tranquilamente, não?

Mas há jogadores..

Acho que é uma imagem má, percebe? Não gosto mesmo nada que me considerem tranquilo. Não sou assim, pronto. Quando estou a trabalhar, sou uma coisa. Mas dentro de mim, sou outra completamente diferente.

Há um aforismo de golfe que diz que a melhor maneira de conhecer uma pessoa é jogar 18 buracos com ela. Não é exacto, o aforismo?

Acho que é um bocadinho diferente se se trata de golfe profissional (ou de alta competição em geral) ou de golfe mais social.

Tanto quanto pode (ou quer) dizer-me, quão diferente é Retief Goosen fora dos campos?

É pessoal. Mas não sou o mesmo.

Mas produz vinho, por exemplo. É ou não um teste à paciência, produzir vinho? Plantar, esperar pela colheita, confiar que a sorte vai impedir a intempérie, esperar ainda um pouco mais – é preciso ser uma pessoa calma para fazer isso, não?

Bom, não sou eu que faço o vinho. Eu só o bebo. E muito (risos). Mas, a sério, é verdade. Em 2006, por exemplo, tivemos de vender as uvas todas a uma empresa de vinho barato. É precisa paciência. E talvez eu tenha alguma, pronto. Mas não como as pessoas pensam.


 


ENTREVISTA. J, 22 de NOVEMBRO de 2009

Segunda-feira, 2 de Novembro de 2009
publicado por JN em 2/11/09

Tem 20 anos, foi o golfista mais jovem de sempre a chegar ao top 50 mundial – e, se ganhar este ano a Race To Dubai, será também o mais jovem de sempre a chegar ao top 10. Rory McIlroy já andava a ganhar no European Tour numa idade em que Tiger Woods ainda nem sequer era profissional. Hoje, menos de dois anos depois do início da aventura, conduz um Ferrari, viaja de helicóptero entre as ilhas britânicas e apanha um jacto privado para atravessar o mar. Esteve na semana passada no Algarve, para jogar o Portugal Masters – e, ainda antes de se afundar no 30º lugar da classificação, concedeu à J uma entrevista exclusiva em que desmistifica a ideia de ganhar 28 majors ao longo da carreira.


Foi o jogador mais jovem de sempre a chegar ao top 50 mundial. Até que ponto o obceca a ideia de ser também o mais jovem de sempre a vencer a Ordem de Mérito Europeia, agora chamada Race To Dubai?

Bom, para já coloquei-me numa boa posição para consegui-lo. Agora tenho de jogar muito bem nos torneios que falta disputar. Estou confiante que, se continuar a jogar como o tenho feito este ano, terei uma oportunidade.

Que adversários o preocupam mais?

O Lee Westwood, pelas razões óbvias. Mas também o Martin Kaymer e o Paul Casey, que em breve estarão recuperados das respectivas lesões, e ainda o Ross Fisher, com quem joguei um dia destes – e que está a bater muito bem na bola. No fundo, há vários jogadores em tão boa posição para vencer como eu.

Se ganhar, a entrada para o top 10 mundial é quase uma inevitabilidade. Era um objectivo para esta temporada?

Nunca foi uma coisa que me preocupasse muito. Por muito mal que isto soe, a verdade é que, estando no top 50, pode-se jogar qualquer torneio. Estar no top 10 é simpático, mas não muda nada. Ser número 2, número 18 (como sou agora) ou número 50 é igual.

Mas não número 1. É um número que o povoa?

Bom, é óbvio que ser número 1 do mundo é um feito extraordinário. Mas, neste ponto da minha carreira, quero sobretudo melhorar o meu jogo. Ir melhorando devagar e manter-me sempre no top 50 – é esse o meu objectivo.

Se tivesse ganho o Dunhill Links, quase tudo isso estaria resolvido. Foi uma decepção muito grande cair para o segundo lugar final?

Foi uma decepção, não posso negá-lo. Mas o Simon Dyson jogou muito, muito bem. Fez 66 na última ronda, enquanto eu teria de ter feito três pancadas abaixo do par no back nine – e não o consegui. Ele mereceu a vitória. E, para mim, não deixou de ser um bom torneio.

Tem-se debatido muito a possibilidade de mudar-se para o outro lado do Atlântico, concentrando grande parte da sua temporada no PGA Tour. Está inclinado para a mudança?

Não propriamente. Tenho pensado muito nisso, mas neste momento estarei, vá lá, 80% inclinado para continuar na Europa. Ainda não decidi por completo, até porque só tenho de comunicar a minha decisão a 1 de Dezembro. Mas tenho muito tempo para dar esse passo. Na verdade, talvez esta não seja a melhor altura.

Porquê?

Porque há Ryder Cup no próximo ano. Jogar na Europa dá-me mais hipóteses de entrar para a equipa.

Portanto, fica na Europa mesmo ganhando a Race To Dubai – é isso?

Em princípio, sim.

Mas o seu futuro é a FedEx Cup.

Não tenho a certeza, sabe? Acho que o golfe vai virar-se cada vez mais para Leste, para o Extremo-Oriente. Penso que é mais ou menos inevitável que eu me junte ao PGA Tour em alguma altura. Mas não sei se passarei lá o grosso da minha carreira.

A Race To Dubai sofreu mais com esta crise global do que a FedEx Cup. Como sente, neste momento, a atmosfera do circuito?

Bom, não sei o que pensarão os patrocinadores e os promotores. Entre os jogadores, o entusiasmo é o mesmo. Entre sete e dez milhões de prémios, a diferença é pouca. É alguma, mas a verdade é que continuamos a falar de prémios gigantescos. Quem jogar bem vai sempre ganhar muito dinheiro.

Mas também é essa a diferença entre a Europa e os Estados Unidos. “Também” é.

Certo. Mas há coisas que também dependem das pessoas e dos lugares a que devemos lealdade.

Para si, é uma questão de lealdade?

Também. O European Tour foi muito, muito bom para mim. Eu nunca mudaria para os Estados Unidos de ânimo leve, sem regressar ciclicamente para disputar aqui uns quantos torneios por ano.

Sugeriu, numa entrevista, que o seu objectivo de carreira seria ganhar 28 majors. Arrepende-se de ter dito isso?

Foi numa entrevista para o Daily Telegraph, feita pelo meu amigo Michael Vaughn. Estávamos um bocadinho no gozo e eu acabei por dizer que queria ganhar um major por ano entre os 22 e os 50 anos, o que, feitas as contas, dava 28 ou 29. Não foi uma coisa muito séria, para dizer a verdade.

Tem um número na sua cabeça?

Tenho: o número 1. Quero concentrar-me em ganhar o primeiro. Depois logo se vê.

E tem um deadline para isso?

Não.

Sentiu que o PGA Championship deste ano podia ter sido o primeiro?

Na verdade, não. Acabei em terceiro, mas andei sempre nas franjas da disputa. Nunca estive perto de ganhá-lo. Top 3, provavelmente, era mesmo o melhor que eu poderia ter conseguido fazer naquela semana.

Está a tentar baixar as expectativas, com isto tudo?

A sério que não estou. Na verdade, não me parece que alguém alguma vez consiga ganhar 28 majors. Ganhar majors é muito difícil. Veja o caso do Sergio García: é, de longe, um dos melhores jogadores do mundo – e nunca ganhou um.

Deve ser a frase mais vezes ouvida em relação a Rory McIlroy: “Oxalá ele não se torne noutro Sergio Garcia.” Incomoda-o ouvir isso?

Um pouco. O Sergio tem tido uma carreira extraordinária, apesar de nunca ter ganho um major. Conheço-o muito bem e sei que ele está contente com o que tem conseguido. De certa forma, se eu acabar a carreira sem um major mas olhar para trás e encontrar memórias assim, terá valido a pena.

A sério? Ter a carreira de Sergio Garcia, de Lee Westwood ou de Colin Montgomerie, de quem se diz serem “os melhores jogadores do mundo sem um major”, seria suficiente para si?

Sim. Quer dizer…

Vai dizer-me que não se pode colocar a questão assim.

Bom. Quer dizer…

… não seria um desastre – é isso?

É isso: não seria um desastre. Seria uma carreira bastante bem-sucedida.

E dizê-lo não é uma forma de baixar as expectativas?!

Não é. Acho que as pessoas não percebem o quão difícil é ganhar um torneio do Grand Slam… Há tanta gente a jogar bem, tanta gente a jogar cada vez melhor… Não se esqueça de que o Tiger é uma excepção.

É uma obsessão sua, chegar à dimensão de Tiger Woods?

Não. Prefiro tentar ser o melhor Rory McIlroy que puder em vez de tentar ser o próximo Tiger Woods.

Prefere ser o melhor Rory McIlroy de sempre, em vez de um Tiger Woods menos bom do que o anterior.

Precisamente! Se eu ganhar metade dos torneios que ele já ganhou, incluindo metade dos majors que ele já ganhou, já terei tido uma das melhores carreiras da história.

E terá ganho também mais de 500 milhões de dólares…

E terei ganho também mais de 500 milhões de dólares.

Qual é a importância do dinheiro para si? Quer dizer: tem um Ferrari, anda de helicóptero entre ilhas britânicas, viaja de jacto privado para a Europa continental e para os Estados Unidos – há uma estrela de Hollywood dentro de si, não há?

Bom, vamos por partes. Eu adoro carros. Sempre disse que, se um dia tivesse sucesso, quereria um Ferrari – e, quando as coisas começaram a acontecer, não demorei muito a concretizar esse sonho. Os helicópteros e os aviões são outra coisa… Eu não tenho um avião: simplesmente compro horas de jacto privado. E é apenas para tornar a minha vida um bocadinho menos difícil do que ela seria sem isso. Normalmente, às sete da noite de domingo, poucas horas depois de um torneio, já estou em casa. Não tenho de apanhar o avião comercial a meio da manhã de segunda-feira, chegando já com um dia de trabalho completamente perdido. Esse dia faz muita diferença. E vale dinheiro. Muitos outros jogadores recorrem a este sistema, não só eu. É parte das nossas despesas, é dedutível nos impostos e funciona muito bem.

Responde como se alguém se chocasse com isso. Pelo contrário: as pessoas adoram esse glamour.

Tudo bem. Mas é que eu não vejo isso como uma coisa glamourosa. Sei que tenho sorte em poder fazê-lo, mas é sobretudo uma questão prática.

Mas sente a necessidade de justificar-se. O seu pai trabalhava cem horas por semana, parte das quais a limpar retretes, para poder proporcionar-lhe esta oportunidade – é isso que o constrange?

Talvez seja. Mas uma coisa é certa: uma das minhas maiores ambições foi sempre poder um dia tomar os meus pais ao meu cuidado, como eles fizeram comigo durante todos os anos. E hoje em dia, sempre que posso, levo-os para onde vou. E eles adoram vir comigo. Ainda no outro dia o meu pai acompanhou-me no Dunhill…

Vai comprar uma casa no Dubai – planeia levá-los para lá?

Já comprei. Não vou mudar-me. Nem eles. É um investimento.

Ser uma super-estrela aos 20 anos não o distrai de forma nenhuma?

Acho que não.

Nem sequer por causa das raparigas?

(risos) Bom… Não. Isto é o meu trabalho. Simplesmente não posso deixar-me distrair. É claro que, quando estou em casa, tenho divertir-me. Mas cada coisa a seu tempo.

Mas há tentações, não? Quer dizer: ter blogs de fãs dedicados a nós, escritos totalmente por raparigas – quem pode gabar-se disso?

Tem as suas tentações, claro. Não só por causa das raparigas. Mesmo os sítios onde dormimos, as piscinas, os restaurantes, os bares – há tentações de excessos por todos os lados. Mas quem não sabe resistir-lhes não tem grande futuro.

É por causa das raparigas que não corta o cabelo, não é? Elas gostam desse ar selvagem.

(risos) Eu cortei um bocadinho. Vê?

O que é que aconteceu? Chatearam-no? A PGA deu-lhe finalmente o ralhete que estava a preparar há tanto tempo?

Não. Estava simplesmente grande de mais para o Verão. Ninguém da PGA alguma vez fez qualquer comentário.

A PGA tem discutido a possibilidade de apertar as regras para a indumentária e o aspecto global dos jogadores…

Pois aí está mais uma boa razão para não ser membro do PGA Tour! (risos)

Li o seu tweet sobre a dificuldade no putting. O que se passa?

Não tenho estado bem. Perdi muita confiança nos primeiros dois dias no Victoria, pois os greens não estavam tão bons como nos anos anteriores. E, quando se perde a confiança, é complicado. Mas tudo se resolve.

Até que ponto as redes sociais são importantes para si?

Gosto do Twitter. Não o uso tão bem como o Ian Poulter, que tem mais de 600 mil seguidores (eu tenho só 14 mil), mas é importante para a minha comunicação com os adeptos. É giro interagir com eles.

É o próprio Rory quem escreve?

Claro. E é engraçado receber depois centenas de respostas com sugestões.

Alguma útil?

Bom, há quem diga “Experimenta assim” ou “Experimenta assado”… Uns quantos até sugerem que bata os putts com o driver ou o ferro 3. Mas a maioria diz o mais comum: “Concentra-te”, “Confia em ti próprio” – essas coisas.

O ano de 2008 foi muito importante para os jogadores de vinte a tal anos: Anthony Kim, Adam Scott, Andres Romero, Sergio García… Já 2009 foi bom sobretudo para os adolescentes: Ryo Ishikawa, Danny Lee e, claro, Rory McIlroy. Que mudança de paradigma é esta?

Não se esqueça do Byeong-Hun An, que é chinês, e do Matteo Manassero, que é italiano – e que se tornaram nos mais jovens vencedores de sempre do US Amateur e do British Amateur Championship, respectivamente. Penso que a questão da idade é uma coincidência. Mas não a da proveniência. Na lista de que estamos a falar, há europeus, asiáticos e oceânicos, mas nenhum americano. Por isso digo que o golfe está a virar a Leste.

Há quem especule que a grande rivalidade do futuro será entre Rory McIlroy e Ryo Ishikawa. O que acha disso?

Seria muito interessante.

Dão-se bem?

Muito bem. E com o Matteo e o Danny também me dou muito bem.

E com Anthony Kim?

Melhor ainda. Na verdade, é um dos meus melhores amigos nos vários circuitos. Estou ansioso para a vinda dele para o Volvo World Match Play Championship. Já não o vejo desde o PGA Championship e tenho saudades dele. É uma pessoa formidável.

E com Tiger? Tem o número dele?

Não, não tenho. O Tiger é diferente. Fica na dele. É muito reservado. Já disse muitas coisas simpáticas sobre mim, mas nunca nos sentámos a ter uma conversa decente. Um minutinho aqui, um minutinho ali – e foi tudo.

Espera defrontá-lo na Ryder Cup?

Para já, espero entrar na equipa, coisa que não consigo se continuar a bater os putts assim… (risos)

Por esta altura, já era preciso uma catástrofe para o Rory não entrar. Que esperanças devem cultivar os adeptos europeus, depois da derrota do ano passado em Valhalla?

Acho que vai ser uma equipa curiosa, com uma metade de jogadores experimentados (o Harrington, o Sergio, o Westwood, o Stenson…) e outra de jovens cheios de vontade (eu, espero, e ainda o Kaymer, o Alvaro, talvez o Ross ou o Dyson…). Penso que pode ser uma equipa fortíssima.

E os Jogos Olímpicos – que expectativas tem de participar?

Bom, eu acho que é maravilhoso para o golfe poder entrar. Torna-o um jogo mais global e mais acessível. Mas não é, nesta altura, uma obsessão para mim. Para já, os majors são mais importantes. Mas penso que a ideia vai crescer dentro de mim.

Não gosta de ser politicamente correcto, já percebi.

Não gosto. Mas a verdade é mesmo essa: por enquanto, não estou super-excitado. Daqui a sete anos se verá.

O Eire e o Ulster…

O Eire e a Irlanda do Norte…

Certo, peço desculpa: o Eire e a Irlanda do Norte estão juntos no golfe, como uma só selecção nacional. Que importância tem esta reunião como declaração política?

Digamos que é um tema quente. E, para mim, ainda mais: sempre me senti britânico, mais do que norte-irlandês – e agora não sei por quem hei-de jogar os Jogos Olímpicos, se se proporcionar.

Neste momento, escolheria a Irlanda?

Não sei. Eu diria que sou britânico.

Escolheria o Reino Unido.

Não sei. Em 2016 veremos. Vai ser uma grande questão para mim, nos próximos anos.

Portugal é pré-candidato à Ryder Cup 2018. O que acha do projecto?

Acho magnífico. Primeiro, porque acho que a Ryder Cup devia realizar-se mais vezes na Europa continental. Valderrama 1997 provou como ela pode ser um sucesso deste lado do Canal. Depois, Portugal é um país extraordinário, com uma meteorologia magnífica, excelentes hotéis, belos campos e um número de adeptos todos os anos maior, pelo que me apercebo. Desejo-vos muita sorte. Seria bom para vós e bom para a Ryder Cup.

Dos campos que conhece, qual escolheria?

Conheço poucos: aqui o Victoria, o Amendoeira, o Vila Sol, o Laranjal – pouco mais. Mas tenho a certeza de que haverá um campo suficientemente bom. Se o Belfry pode receber a Ryder Cup, Portugal terá seguramente vários candidatos à altura.

Última questão: é um fã do Manchester United. Como viu a saída de Cristiano Ronaldo?

Nós já sabíamos que ele sairia, mais cedo ou mais tarde. Sempre quis jogar no Real Madrid – e não podia rejeitar mais, até pelo dinheiro envolvido. Foi uma grande perda para nós. Qualquer equipa lamentaria a sua perda. Vamos a ver como é que ele volta agora, depois da lesão no tornozelo…

Nunca o encontrou?

Nunca.

Mas gostava? Tem tantos fãs – também tem de ser fã de alguém, não?

E sou. Do Ronaldo, por exemplo. Ele vem da Madeira, uma pequena ilha, e aprendeu a dominar o star system como ninguém. É um modelo para todos nós, desportistas.


ENTREVISTA. J, 1 de NOVEMBRO de 2009

Joel Neto


Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974, e vive entre o coração de Lisboa e a freguesia rural da Terra Chã, na ilha Terceira. Publicou, entre outros, “O Terceiro Servo” (romance, 2000), “O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002) e “Banda Sonora Para Um Regresso a Casa” (crónicas, 2011). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista de origem, trabalhou na imprensa, na televisão e na rádio, como repórter, editor, autor de conteúdos e apresentador. Hoje, dedica-se sobretudo à crónica e ao comentário, que desenvolve a par da escrita de ficção. O seu novo romance, “Os Sítios Sem Resposta”, sai em Abril de 2012, com chancela da Porto Editora. (saber mais)
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