Com isto, dois modelos de negócio ficam em risco. O retalho de aparelhos de televisão tem conseguido resistir, mas sobretudo em resultado da moda dos ecrãs plasma e dos LCD: assim que a generalidade do público já dispuser de flat screen, tornar-se-á urgente encontrar novo produto capaz de levar à manutenção dos níveis de consumo (menos no chamado “terceiro mundo”, onde o mercado tradicional ainda tem muito por onde crescer). Já o modelo de videoclube de bairro, como prova o encerramento da cadeia Blockbuster em Portugal, parece condenado: os espectadores têm cada vez mais filmes à disposição para aluguer na sua box – e, ainda por cima, têm também agora à mercê os programas de TV que não viram.
Para os consumidores de televisão de banda larga, o obstáculo passa agora a ser a tendência para a negociação de exclusivos, que também parece disposta alargar-se aos domínios da catch-up TV. Como sempre acontece, porém, o fracasso da tentativa de monopólio há-de levar à opção pelo oligopólio. Haverá desvantagens nisso. Mas a televisão continuara a crescer.
CRÓNICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 18 de Abril de 2010