O Terceiro Servo
ROMANCE, Editorial Presença, 2000
Miguel Barcelos, jornalista nascido nos Açores no ano da Revolução de Abril, lê num jornal a notícia do assassinato de um velho amigo. Decidido a investigar o sucedido, parte para os Açores. A viagem no espaço é também uma viagem no tempo: um longo percurso de confrontação interior. Entre a recordação das relações entre ele e o morto e as divagações sobre si próprio, Miguel confronta Açores e Lisboa, a cidade onde vive na convicção de que triunfou. Mas outras questões se interpõem. Amor, relações sociais, pedofilia, o fim do milénio, a revolução, o futebol, a economia e até mesmo a fúria dos elementos naturais – tudo se mistura, abalando profundamente as convicções do protagonista. No fim, Miguel opta pelo cómodo caminho da ignorância. À semelhança do terceiro servo da parábola bíblica, prefere fechar os olhos ao desafio que a vida lhe lançou em nome de uma estabilidade falsa mas imediata. Afinal, o jornalismo é o máximo a que pode ambicionar, o que já por si implica a soma possível de toda a sabedoria e de toda a ignorância do mundo – e sobretudo uma visão desdenhosa sobre o lado superficial das coisas, num impulso de síntese enganador mas assumido.
“Saúde-se a opção pelas formas narrativas complexas e por uma linguagem elaborada, numa época em que a linearidade, narrativa e expressional, veio dando tão persuasivos resultados. E o facto é que esta história resultou espertamente urdida e que a expressão ganhou nela, não raro, um excelente ritmo.”
Fernando Venâncio, Expresso
“Um romance fantástico ‘passado nos Açores’ e que brilha pela construção do personagem principal, pela capacidade de fazer da memória (da adolescência e primeira juventude) um material literário fulgurante e fascinante. ”
Francisco José Viegas, Record
“Uma história do nosso tempo. (...) Trata-se de um escritor que ‘nasce’ e já vem ‘crescido’.”
Appio Sottomayor, Capital
“Sem pieguices e evitando, num português honesto, as descrições ‘hard’. (...) Para todas as pessoas que gostem da construção desta frase: ‘que raio quereria ele com a sepultura de um pedófilo paneleiro quando, em cinco anos, nunca visitara a campa do avô?’ E que a compreendam.”
José Prata, O Independente
“Uma magnífica peça que recorre às técnicas descritivas do melhor jornalismo (a ocupação do autor no dia-a-dia) e nos envolve no mistério da morte de um homem em Angra do Heroísmo. A estrutura da história é exemplar, o Português imaginativo e denso de alegorias, o ritmo bem conseguido. (...) Uma técnica narrativa hábil faz com que a obra ‘cheire a enxofre’, levando o leitor a viver com o narrador as desconcertantes investigações sobre o assassinato social de Herculano Cota.”
Jorge Morais, Tal&Qual
“Com um excelente domínio da técnica narrativa e da língua portuguesa, conseguindo manter, do princípio ao fim, o ritmo da prosa, em O Terceiro Servo Joel Neto quis retratar uma geração, ou pelo menos parte dela – a sua. Que outra poderia conhecer tão bem? (...) Vai desenrolando a história como a investigação para uma reportagem. E, como numa peça jornalística, retrata com real crueza a sociedade açoriana.”
Elsa Andrade, 24horas
“Um romance de uma agilidade rara, quer no ritmo da escrita quer na sua montagem – subtil, inteligente, complexa.”
António Tavares-Telles, O Jogo
“A narração surpreende pelo ritmo com que a história evolui e, com poucas hesitações, Joel Neto consegue captar o interesse (...). Estreia mais do que auspiciosa no universo literário nacional. (...) A ler com muita atenção.”
Luís Nunes, Diário Económico