Não vale a pena disfarçar: a integração de Laurence Fishburne no elenco de CSI: Crime Sob Investigação, em 2008, foi sobretudo a procura de um derradeiro fôlego para a série. Responsável por vários dos projectos televisivos mais bem-sucedidos da última década, o produtor Jerry Bruckheimer sabia que CSI não tinha uma estrela com a pinta de Gary Sinise ou o carisma de David Caruso, como tinham respectivamente CSI: Nova Iorque e CSI: Miami. Mas também sabia que ela conservava o romantismo de fundadora do franchise – e decidira só intervir quando se tratasse de permitir-lhe uma última milha de vida.
Pois essa milha vai-se esgotando agora. Embora acabe de ser anunciada a gravação de uma décima temporada, a emitir no próximo ano, CSI: Crime Sob Investigação tem vindo a cair nos gráficos de audiências – e aquilo que começa a ficar claro, por esta altura, é que essa temporada será a última. De resto, percebe-se porquê. Baseadas nos mesmos pressupostos, no mesmo modus operandis e nos mesmos artifícios de realização, CSI e as suas spin-offs já se confundem umas com as outras – e começam a confundir-se também, todas juntas, com uma data de outros seriados que nelas se inspiraram.
Embora continuemos a celebrar a explosão de que a ficção televisiva foi alvo na última década, incluindo narrativas, meios de produção e estrelas envolvidas, a verdade é que a vitalidade desse universo começa a desvanecer-se. Depois de Os Sopranos, CSI, 24, Dr. House e Perdidos, tornou-se imperativo encontrar uma nova direcção no sentido da qual rasgar. Dexter já foi um passo pequeno, Flashforward é um ainda menor – e, entretanto, o aborrecimento vai-se instalando.
CRÓNICA DE TV ("Crónica TV"). Diário de Notícias, 4 de Janeiro de 2010